Justiça condena Johnson & Johnson a pagar US$ 72 milhões de
indenização por produto que causa câncer
A Johnson & Johnson foi condenada, por um tribunal de St. Louis, nos
Estados Unidos, a pagar uma indenização de 72 milhões de dólares à família de
uma mulher que morreu de câncer do ovário.
É a primeira vez que a justiça dos
EUA valida a ligação entre a utilização do talco em pó e o risco de câncer.
A Johnson & Johnson terá de
indenizar em 72 milhões de dólares à família de Jacqueline Fox, que morreu em 2015,
com 62 anos, vítima de câncer do ovário.
O tribunal de St. Louis, no estado do
Missouri, deu como provado que a empresa esteve consciente dos riscos do pó de
talco e nunca alertou os consumidores para a possibilidade de virem a
desenvolver um cancro.
“Estamos solidários com a família,
mas acreditamos firmemente que a segurança do talco em pó é provada por décadas
de evidência científica”, argumentou a Johnson & Johnson, que deverá
apresentar o recurso em breve.
Jacqueline Fox foi diagnosticada com
câncer em 2012.
Ela declarou que usou o talco em pó
para bebês da Johnson & Johnson durante mais de 35 anos.
Jacqueline morreu em outubro de 2015,
aos 62 anos de idade.
Em 2012, a Johnson & Johnson
anunciou que ia deixar de usar em seus produtos formaldeído e dioxane 1,4 -
dois compostos comprovadamente cancerígenos - após anos de publicidade
negativa, petições e ameaças de boicote por parte de alguns grupos de
consumidores.
Os jurados do tribunal de St.
Louis responsabilizaram a Johnson & Johnson por fraude e negligência.
Um dos jurados, Krista Smith, disse
que documentos internos da Johnson & Johnson foram
"decisivos" para a condenação.
"Ficou muito claro que eles
estavam escondendo alguma coisa", disse Smith.
"Eles tinham que colocar uma
etiqueta de advertência depois de saber dos riscos", conclui.
Jere Beasley, advogado da família
Fox, disse que a Johnson & Johnson "sabia desde década de 1980 do
risco do seu talco causar câncer" e mesmo assim "mentiu para o
público e para as agências reguladoras".
A imprensa dos Estados Unidos
antecipa que esta é a primeira de muitas indenizações, pois há mais de mil
processos correndo com base nos riscos cancerígenos do talco em pó.
QUANDO TUDO COMEÇOU
Estudos divulgados em 1982 mostraram
uma forte conexão entre o talco e o câncer de ovário.
Descobertas mostraram que as mulheres
que usam esse produto têm 300 vezes mais chances de desenvolver câncer de
ovário.
Este estudo teve grande repercussão
na mídia americana.
Mas a Johnson & Johnson negou
todas as evidências das pesquisas.
E decidiu que não tinha necessidade
de alertar os seus clientes sobre esses efeitos secundários perigosos do talco
produzido por ela.
A empresa se baseia, entre outras
coisas, em um laudo da entidade britânica Cancer Research, que afirma não
existirem provas científicas da ligação entre o uso do talco e o câncer do
ovário.
“Mesmo que exista um risco, é
provavelmente pequeno”, salientou um responsável da associação britânica.
O mercado de talcos fatura, só nos
Estados Unidos, mais de 18 milhões de dólares.
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